sábado, 16 de junho de 2007

Uma noite especial

Um executivo chegou à noite numa cidade na qual teria um compromisso no dia seguinte.
Estava realmente com muita fome...
Não conseguiria dormir naquela situação.
Pediu uma sugestão a um taxista e foi a um restaurante localizado numa área de muito movimento na cidade.
Como já estava muito próximo do horário de fechamento da casa e não havia nenhuma mesa ocupada, o nosso executivo relutou um pouco em entrar.
Enquanto pensava, parado em frente à porta, foi abordado por um garçom que exibia um largo e espontâneo sorriso.
Realmente aquela acolhida foi surpreendente.
O garçom sugeriu uma mesa ao cliente numa área tranqüila e perguntou o que ele desejava comer.
O executivo respondeu que queria uma sopa.
Várias sugestões foram dadas, passando, inclusive informações sobre ingredientes, sabores, texturas, acompanhamentos, tudo de forma objetiva, agradável e educada.
Rapidamente o cliente escolheu uma opção, o garçom registrou o pedido e se retirou com agilidade para providenciar junto ao pessoal da cozinha.
Antes, porém, sugeriu um prato de entrada e um drinque para que o cliente aguardasse sua sopa agradavelmente.
A sopa estava realmente maravilhosa!!!
O sabor, aroma e temperatura adequada levaram o cliente a experimentar uma sensação muito boa e que ele não iria esquecer durante um bom tempo...
Ao terminar, o garçom tomou a iniciativa de oferecer uma sobremesa.
Várias opções foram expostas.
O entusiasmo do garçom era tão grande que o cliente sentiu vontade de provar todos os itens.
Depois de alguns minutos optou por uma sobremesa que era especialidade da casa....
Mais parecia um néctar de tão saborosa.
Pediu a conta, que foi providenciada com agilidade e precisão.
Antes de sair do restaurante, o cliente chamou o garçom a fim de elogiar sua competência, conhecimento, educação e facilidade no trato com pessoas.
Disse que jamais vira um atendimento de tão alto nível.
Falou ainda que não pensaria duas vezes antes de recomendar aquele restaurante a seus amigos e familiares.
Quando terminou de falar, o garçom agradeceu pelos elogios e perguntou se o cliente se incomodaria em reproduzir aqueles elogios para o gerente da casa.
Naturalmente o cliente disse que seria um prazer informar ao gerente tudo o que havia ocorrido.
Assim, dirigiu-se até um balcão próximo da porta principal e encontrou um sujeito de cabeça baixa.
Ao abordá-lo, relatou fielmente todos os elogios que fizera minutos atrás ao garçom.
À medida que falava, o homem demonstrava ficar triste, desapontado e balançava a cabeça com um ar de decepção...
Em determinado momento, o cliente questionou a postura do gerente:
- “Sinceramente não entendo a sua atitude como gerente. Estou elogiando um funcionário exemplar e o senhor parece desaprovar o que estou dizendo...”.
O homem levantou a cabeça e respondeu:
- “Meu senhor, ele não é garçom. Ele é o gerente do restaurante. O garçom sou eu. Ele me propôs que mudássemos de lugar hoje à noite para que eu tivesse oportunidade de aprender como se deve atender um cliente com qualidade...”

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O cliente que dorme em uma rede rasgada

Certo dia um consultor foi apresentar uma proposta de trabalho a um cliente em potencial.
Como já tinha havido uma reunião preliminar para levantamento de necessidades, uma semana antes, aquele contato parecia ser apenas uma etapa simples de acerto de valores e prazos, para que o serviço pudesse começar.
A sala do empresário não era muito grande.
Porém impressionava.
Temperatura agradável, som ambiente, um delicioso aroma amadeirado, móveis finos e uma quantidade impressionante de fotos e troféus.
- Amigo como vai? Estava esperando ansioso sua chegada... Sente-se.
Após uma recepção calorosa como essa, o consultor sentiu-se muito à vontade e tranquilo.
- Trouxe a proposta? Perguntou ele.
- Sim, inclusive estou muito motivado para desenvolver um trabalho de alto nível em sua empresa!, disse o consultor.
-Ótimo. É assim que eu quero mesmo! Disse o empresário.
O consultor passou a proposta para o cliente e começou a dar explicações técnicas a respeito das fases do trabalho, metodologia, resultados esperados e outros detalhes importantes.
Enquanto isso, o cliente folheava freneticamente as páginas da proposta, em buca de uma única informação...
Qual seria, meu caro leitor?
Ponto para quem respondeu "o preço!"
Assim que localizou o valor do serviço, o empresário fez um ar de espanto, arregalou, ou melhor, esbugalhou os olhos e interrompeu bruscamente o consultor, dizendo,
-Esse serviço está caro demais!
-Sua proposta está fora da realidade do mercado...
E prosseguiu seu protesto:
-A situação da minha empresa é desesperadora!
-Estou pensando em mudar de ramo!
-Não há mais chance de ganhar dinheiro com essa concorrência desleal.
-Preciso que você aplique um belo desconto nesta proposta, senão será impossível fecharmos negócio.
O consultor sabia que todo negociador precisará fazer algumas concessões para conseguir vender o serviço.
Assim sendo, aplicou um desconto de 10 por cento no valor final
-10%? Bradou o cliente
-Vou ser sincero com você amigo: Preciso demais do seu serviço, mas só posso pagar, se você me der um desconto de 40%!
-Quarenta por cento? Pensou o consultor. Esse valor é impossível...
Mas ele acabou caindo na ilusão de que aquele-seria-o-primeiro-de-muitos-trabalhos ou ainda vou-lhe-indicar-para-meus-amigos...
Fecharam negócio por um preço 40% menor.
-Parabéns, disse o empresário. Você é um grande negociador.
Quanta ironia...
E aproveitou para disparar a cartada final
-Só posso pagar em 3 parcelas, certo?
-Não dá, respondeu o consultor.
-Meu amigo, lembre-se da minha situação... Estou a ponto de dormir em uma rede rasgada!
-Não será por este pequeno detalhe que vamos deixar de ser parceiros, não é mesmo?
O consultor cedeu mais uma vez.
Naquele instante, entrou na sala o pai do empresário, perguntando:
-Filho, você pode trocar um cheque para mim?
-Claro pai!
O consultor viu passar por sobre sua cabeça um cheque e voltar vários maços de cédulas de R$ 100,00 novinhas oriundas de uma gaveta.
O cliente aproveitou para apresentar o consultor ao pai, dizendo que realmente a situação estava "caótica" para eles.
Ao sair da sala, o consultor estava com uma terrível sensação de que fora enganado por um esperto que tinha usado a surrada tática de "chorar miséria" na hora de negociar.
Ah sim! já ia esquecendo:
Após três meses de trabalho ele teve a certeza de que aquele foi um dos clientes mais complicados, exigentes e duros para pagar que ele já havia atendido.
As colunas sociais estão repletas dessa gente!